Ministério da Educação
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares
Centro de Formação Continuada de Professores
Secretaria de Educação do
Distrito Federal
Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da
Educação
Escola de Gestores da Educação Básica
O PAPEL DO GESTOR EM SITUAÇÃO DE
MOVIMENTO GREVISTA NA EDUCAÇÃO
Edileusa Pereira de Oliveira
Professora-orientadora: Dra. Edileuza Fernandes da Silva
Professora monitora-orientadora: Mestre Rivane Neumann Simão
Brasília
(DF), Julho de 2014.
Edileusa Pereira de Oliveira
O PAPEL DO GESTOR EM SITUAÇÃO DE
MOVIMENTO GREVISTA NA EDUCAÇÃO
Monografia apresentada para a banca examinadora
do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica como exigência parcial
para a obtenção do grau de Especialista em Gestão Escolar
sob a orientação da Professora-Orientadora Drª. Edileuza Fernandes,
Professora-Tutora Mestre Rivane Neumann Simão e Prof. Mestre Mauro Gleisson .
TERMO
DE APROVAÇÃO
Edileusa
Pereira de Oliveira
O PAPEL DO GESTOR EM SITUAÇÃO DE
MOVIMENTO GREVISTA NA EDUCAÇÃO
Monografia
aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão
Escolar pela seguinte banca examinadora:
|
______________________________
_____________________________
Dra Edileuza Fernandes UnB/SEEDF
(Professora-orientadora)
|
___________________________________
__________________________________
Mestre Rivane Neumann
Simão UnB/SEEDF
(Professora-tutora)
|
Prof.
Mestre Mauro Gleisson – COEDH/SEEDF
(Examinador
externo)
Brasília,
27 de julho de 2014.
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos e esposo, que tiveram a longanimidade quando
negligenciei carinho e companhia para me dedicar à finalização desta
monografia, aos meus alunos de Ciências e Matemática que participaram e foram
solidários aos meus projetos de inclusão social como reposição das paralisações
durante os sábados e em horários contrários, aos meus colegas e gestores que
direta ou indiretamente apoiaram e contribuíram com os projetos e pesquisas da
conclusão deste trabalho, aos meus mestres que agradeço o carinho, a dedicação,
a compreensão e a perseverança mesmo quando tudo parecia sem nexo e perdido.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que até aqui tem me sustentado e suprido minhas necessidades
físicas, biológicas, psicológicas e espirituais na condução das situações
problemas, dos desafios diários, dos sabotadores e daqueles que respiram
crueldade.
Agradeço aos meus preciosos filhos Evandro Júnior e Lucília Pereira,
pela independência e eficiência na condução de suas vidas, de forma que, me
deixaram livre para estudar, mesmo quando precisaram do meu afeto e sabedoria.
Sou grata a todos que direta ou indiretamente foram solidários e
participaram dos projetos dos quais selecionei informações valiosas e pude
exercer efetivamente a conciliação na resolução das controvérsias.
E não poderia deixar de agradecer a meu esposo Evandro pelas noites que
dormiu no sofá deixando o quarto livre e iluminado para minhas pesquisas
noturnas e meus momentos de inspiração.
EPÍGRAFE
“Constituir esse ser social
em cada um de nós – tal é o fim da educação” (DURKHEIM, 1975, p. 43).
RESUMO
A educação pública é um aparelho ideológico do Estado e os gestores
cumprem o papel de possibilitar a
autonomia dos subordinados na construção de uma cultura democrática trabalhista
e social no ambiente escolar, através da constante reformulação de práticas
pedagógicas para a aquisição de conhecimentos que possibilitem soluções para a vitória dos docentes e discentes na
produtividade de uma escola democrática e eficiente mesmo durante as greves,
paralisações ou ausências justificadas dos docentes. Dessa forma, o papel do
gestor é conciliar, democratizar, comandar, educar, produzir resultados dentro
das escolas públicas, incluindo todas as classes sociais e as partes envolvidas
nos conflitos diários, através da prática da justiça, da equidade, da longanimidade, da proporcionalidade
e da legalidade, desde o ensino básico até o ensino médio, na formação de
valores, de intelectuais e de trabalhadores contribuintes nas disputas e
lideranças sociais.
Palavras-chaves:
Greve de Trabalhadores, Gestão Democrática, Direito dos Discentes.
LISTA
DE SIGLAS
PNE:
Plano Nacional de Educação
PDE:
Plano Distrital de Educação
CF:
Constituição Federal
PPP:
Projeto Político Pedagógico
CLT:
Consolidação das Leis do Trabalho
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO......................................................................................................09
1.1JUSTIFICATIVA...................................................................................................10
1.2
PROBLEMAS......................................................................................................10
1.3
OBJETIVOS........................................................................................................10
1.3.1
Objetivo Geral..................................................................................................10
1.3.2
Objetivos Específicos.......................................................................................11
2-
REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................12
3-METODOLOGIA
DE PESQUISA...........................................................................16
4-COLETA
DE DADOS.............................................................................................19
5-CONSIDERAÇÕES
FINAIS....................................................................................32
6-
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................34
APÊNDICE.................................................................................................................... 8-ANEXOS.................................................................................................................40
INTRODUÇÃO
Este
trabalho almeja analisar como os gestores conduzem as situações problemas no
cotidiano escolar diante das greves, paralisações ou ausências justificadas dos profissionais de
Educação, onde os trabalhadores sempre foram o ápice produtivo de qualquer
empreendimento de sucesso, no entanto, na educação há uma política de trabalho
diferenciada, por se tratar da formação de crianças, adolescentes e jovens,
onde o grau de vulnerabilidade é avantajado em relação a outras profissões.
Os
gestores representam o Estado como patrões, mas também, são componentes
efetivos administrativos trabalhistas, o que gera um conflito de identidade e
de funções dentro do Estabelecimento Escolar.
As greves e as paralisações são as lutas constantes dos docentes em
busca de melhores condições de trabalho, de educação de qualidade, de inclusão
social, respeito aos direitos e garantias fundamentais, da liberdade de
expressão e de força contra os agressores e infratores desses direitos, mas
também, há uma ansiedade dos discentes em compreender quando devem ter
responsabilidades aos preceitos estudantis ou anarquizar a liberdade que os
professores democráticos lhes proporcionam.
A conciliação entre patrões e empregados diante dos anseios por melhores
condições de trabalho e a busca constante pela produtividade, torna os direitos
humanos na maior parte das vezes, irrelevantes diante do capitalismo selvagem.
Por conta disto, o estudo e a pesquisa de atos
e fatos controversos entre gestores, estudantes, Estado e trabalhadores,
favorecem um estudo aprimorado.
JUSTIFICATIVA
A importância desta pesquisa consiste no
estudo constitucional e prático da capacidade dos gestores escolares em
efetivar a democracia no ambiente escolar, diante do direito de greve dos
docentes assegurado no artigo 9º da CF/88, frente ao direito à educação dos
discentes também garantidos nos artigos 205 a 210 da CF/88 e o entendimento
democrático da comunidade escolar, abrangendo o poder conciliatório dos
gestores que se encontram na condição de representantes do Estado Democrático
de Direito, mas também de trabalhadores e associados ao sindicato dos
professores.
PROBLEMA
O papel dos
gestores no ambiente escolar está intrinsicamente acoplado aos poderes e
deveres de um administrador público, mas também, de um trabalhador e portador
de direitos sociais garantidos aos servidores ocupantes de cargos públicos, bem
como, incluídos na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição
Federal de 1988. Diante deste conflito social surge a seguinte problemática: De
que forma os gestores podem conciliar, contribuir e influenciar os
profissionais de educação, diante do direito de greve e da busca por melhores
condições de trabalho assegurados nos artigos 7º e 9º da CF, perante os
direitos de educação das crianças e adolescentes assegurados também nos artigos
205 a 210 da CF/88 e a forma que os gestores compreendem a posição de seus
subordinados que se insurgem contra o sistema de trabalho repressor e como
podem conduzir os conflitos trabalhistas entre o Estado, os profissionais de
educação, os sindicatos e os discentes?
OBJETIVO GERAL
Espera-se
analisar a atuação dos gestores em unidades escolares do DF, para garantir o
direito dos alunos à educação em situação de movimentos grevistas de forma que
possibilite autonomia aos profissionais de educação na construção de uma
cultura democrática trabalhista no ambiente escolar, através de informações e
práticas pedagógicas efetivas, bem como, aquisição de conhecimentos que
favoreçam soluções para os problemas relacionados ao papel dos gestores na
conciliação dos direitos dos profissionais de educação com os direitos dos
estudantes, diante de uma greve, paralisação ou ausências justificadas dos
trabalhadores, em prol de melhores condições de trabalho e da efetividade na
qualidade de ensino e da construção da cidadania no ambiente escolar.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1-Compreender as
controvérsias no ambiente escolar, relacionadas aos direitos das crianças e
adolescentes, em contraposição com os direitos trabalhistas dos profissionais
de educação.
2- Estudar os conflitos de direitos dos
discentes em consonância com os direitos dos docentes assegurados nos artigos
7º e 9º, 205 a 210 da Constituição
Federal de 1988.
3- Verificar a capacidade democrática dos
gestores na condução dos problemas sociais relacionados às greves, paralisações
e ausências justificadas dos profissionais de educação em detrimento dos
direitos dos discentes.
4- Analisar o cumprimento
pelos gestores dos atos normativos administrativos relacionados ao acolhimento
e melhoria das condições de trabalho de seus subordinados.
5-Identificar as causas dos
movimentos grevistas e das constantes ausências dos professores nas escolas.
6-Reconhecer a mobilização
dos profissionais de educação como condição de mudanças na sociedade e no mundo
do trabalho.
REFERENCIAL TEÓRICO
A Educação
é um processo constante de transmissão de
conhecimentos e informações adquiridas ao longo do tempo e através de autores
renomados ou de pessoas cultas ou ainda, em lugares visitados em busca de
culturas e formas de civilizações diferenciadas, em que se respeitam as
diversidades e os direitos humanos são basilares para a compreensão de que as
pessoas são vulneráveis a conflitos e necessidades que podem ser supridas com
os conhecimentos e a solidariedade na efetividade dos mesmos com trabalho e
perseverança.
“Art. 206.
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: da
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; da liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas
e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais; valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, aos das redes públicas” (Poletti, 2009, p.48 ).
A Greve é uma forma lícita e harmônica de lutar por direitos
trabalhistas e melhores condições de trabalho, mas também de harmonizar o
ambiente de trabalho em busca de paz de espírito na condução dos conflitos
internos e do conforto nas relações entre patrões e empregados, no sentido de
que, sejamos agentes transformadores do ambiente escolar em local de
conhecimentos dos saberes sociais e das necessidades práticas da vida, onde os
salários fazem parte do elemento essencial para uma vida saudável e confortável.
Conforme Deocleciano Torrieri Guimarães (2009, p.364).
“Greve: Modalidade de conflito trabalhista, que se caracteriza pelo
abandono, parcial ou total, após assembleia sindical da categoria que a decide,
do emprego, para forçar a discussão e atendimento de suas reivindicações
salariais, ou para opor-se a atos patronais ou políticos que considerem lesivos
à categoria ou ao país. A Constituição assegura o direito de greve e diz que
compete aos trabalhadores decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo e os
interesses a serem defendidos por ele. (Guimarães, 2009, p.364).
O Estado sendo uma instituição ampla e poderosa de acolhimento de seus
cidadãos e de todos que o buscam, onde os funcionários públicos são
representantes estatais e possuem o dever de zelar por um trabalho de
qualidade, onde todos são autores das prerrogativas de conciliação e
harmonização do ambiente escolar, transformando as controvérsias em práticas
resolutivas e efetivas para movimentação e produtividade da máquina estatal. Assim
aduz Deocleciano Torrieri Guimarães (2009, p.326).
Estado: No Brasil. É cada unidade territorial que forma a União; Um
dos Estados da Federação ou da República Federativa do Brasil. Estado Federal
ou Federativo: Conjunto de unidades territoriais (os Estados) com certa
autonomia, governo e constituições próprias, além de autonomia financeira,
sobre os quais prevalecem, entretanto, a Constituição Federal e as Leis da
União, obedecendo-se o poder central, como no Brasil (Guimarães, 2009, p.326).
Os Trabalhadores
como agentes produtivos da cadeia de
produtividade necessitam de valorização
e respeito no ambiente escolar, de forma que sejam cada vez mais eficientes em
suas práticas e obrigações na busca constante por um ambiente saudável e
acolhedor, onde seus direitos sejam respeitados e concedidos e que as leis
trabalhistas sejam cumpridas e os direitos concedidos por seus empregadores e nunca
negligenciados com o propósito de prejudicar e transformar o ambiente
trabalhista em insalubre e insuportável. Para Torrieri Guimarães (2009, p.570):
“Trabalhador: Pessoa que presta serviço a empregador, mediante salário
que esse lhe paga pela prestação, em caráter permanente, de serviços de seu
ofício; operário. Aquele que emprega sua energia física ou intelectual na
produção de um trabalho útil.” (Guimarães, 2009, p. 570).
A Sociedade é um conjunto de pessoas e fatores que influenciam os agentes
a conviverem harmonicamente, em uma dinâmica social de solidariedade, inclusão
dos vulneráveis e acolhimento constante de práticas que sejam humanitárias no
ambiente de produtividade. (Em consonância com Deocleciano Torrieri Guimarães
2009, p.543):
“Sociedade: Agrupamento de pessoas que mantêm entre si relações
convencionais, políticas, econômicas, sociais, culturais, obedecendo a regras
comuns de convivência, sob um ordenamento jurídico que as rege.” (Guimarães,
2009, p. 543).
A
Democracia é a prerrogativa que os
cidadãos possuem de expressarem livremente seus anseios e opiniões no sentido
de se chegar a conclusões efetivas de conforto e produtividade dentro do
contexto em que se encontram, seja na escola ou no trabalho o exercício da
democracia nos torna compreensivos das fraquezas humanas e valoriza as
potencialidades dentro de suas reais habilidades. Para Deocleciano Torrieri
Guimarães (2009, p.265):
“Do grego demos (povo)
e kratos (poder). Regime político que
teve seu nascimento na Grécia antiga, que a praticava em sua forma direta ou
clássica, em que os membros da comunidade deliberavam diretamente e não tinham,
para isso, representantes. Platão e Aristóteles foram os filósofos que cuidaram
do estudo das formas de governo, entre elas a democracia.” (Deocleciano
Torrieri, 2009 p.265).
Direito é a luz que ilumina as relações conturbadas por motivos
alheios ou voluntários no sentido de fazer justiça. É a garantia de que os
fracos, pobres, deficientes e vulneráveis serão beneficiados dentro das
possibilidades e riquezas disponíveis do Estado Democrático de Direito. Assim
aduz Guimarães (2009, p. 283):
“Ciência que sistematiza as normas necessárias para o
equilíbrio das relações entre o Estado e os Cidadãos e destes entre si,
impostas coercitivamente pelo Poder Público.” (Deocleciano Torrieri, 2009
p.283).
A eficácia de um gestor público está
diretamente relacionada com a
competência em executar uma tarefa proposta com rapidez e produtividade. Afirma
Guimarães (2009, p. 309): “Eficácia:
Condição de eficaz, capaz, que surte efeito”.
A Gestão é a forma de administrar uma entidade, órgão ou cargo
proposto em um determinado período. “Gestão:
Período administrativo. Administração de patrimônio ou de bens de pessoa
natural ou jurídica “(Guimarães, 2009, p.362).
Os Direitos
Sociais são garantias
constitucionais de acolhimento aos vulneráveis, essenciais na formação cidadã e
na continuidade dos serviços públicos e particulares. “Direitos Sociais: São direitos sociais: a educação, a saúde, o
trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência dos desamparados, na forma da Constituição
(Guimarães, 2009.p. 290).
A Cidadania é a capacidade de inserção social dos indivíduos no seio
estatal, através do voto, do pagamento de impostos, dos registros civis, da
moradia, da educação e da segurança. “Cidadania:
Qualidade de cidadão, pessoa que está no gozo de seus direitos e deveres civis
e políticos garantidos pela constituição.” (Guimarães, 2009.p.176).
A
Liberdade é o direito de ir e vir ou
permanecer na inércia ou em movimento, de trabalho, de educação conforme os
valores religiosos e culturais de nossos ancestrais ou de nossa escolha. Assim
assegura Guimarães (2009, p. 423):
“Liberdade: Faculdade natural que permite à pessoa fazer o que quer,
nos limites da Lei, da moral e dos bons costumes, respeitada os direitos de
cada um. A Constituição Federal garante que ninguém será privado de sua
liberdade ou de seus bens sem o competente processo legal, liberdade para o
exercício de qualquer trabalho exercício ou profissão, para a locomoção no
território nacional em tempo de paz, liberdade de reunião pacífica, de
associação para fins lícitos (Guimarães, 2009, p. 423).
Nesse contexto libertário e democrático é que surgiu o direito
de greve dos trabalhadores em educação e dos demais profissionais que fazem
parte de uma sociedade em que a concessão das garantias fundamentais elencadas
na Carta Magna são negligenciadas no momento de sua concessão, assim favorece a
batalha coletiva para a efetividade das legislações pertinentes.
Os direitos sociais considerados como direitos fundamentais
de segunda dimensão reflete à necessidade de intervenção do Estado para
proteger o cidadão diante das consequências e problemas sociais ocasionados pela
Revolução Industrial. São os direitos econômicos, sociais e culturais da
população, representando as chamadas “liberdades sociais”. São exemplos dessa
segunda dimensão: direito à saúde, educação, assistência social e ao trabalho
digno, com direito a férias e salário mínimo. A verdade é que os profissionais
de educação buscam muito mais que o mínimo existencial e são categóricos em
reivindicarem salários equivalentes com suas especializações e grau de
responsabilidade que são expostos no cotidiano escolar.
Os sindicatos das categorias profissionais são responsáveis
pela fiscalização do cumprimento dos direitos trabalhistas e das condições de
trabalho que as empresas lhes proporcionam, apesar dos sindicalistas fazerem
parte deste contexto trabalhista, estão protegidos pela estabilidade, mas os
demais professores se encontram em situação de vulnerabilidade perante os
patrões. Guimarães (2009, p.541):
“Sindicato-Associação de empregadores ou de empregados, de
trabalhadores autônomos ou profissionais liberais, que exercem a mesma
atividade ou profissão ou atividades similares e conexas, para fins de estudo,
defesa e coordenação de seus interesses econômicos ou profissionais. A CLT
indica as prerrogativas dos sindicatos, entre elas a de fundar e manter agências
de colocação, e seus deveres, entre eles o de manter assistência judiciária a
seus associados, o de promover a conciliação dos dissídios, o de promover a
fundação de cooperativas de consumo e de crédito; o de fundar e manter escolas
de alfabetização e pré-vocacionais.” (Guimarães, 2009, p.541).
O amor a educação e aos alunos são capazes de nos manter de pé, mas não pagam nossas contas e não excluem o sentimento de abandono quando os direitos dos professores são negligenciados em prol de uma suposta educação de qualidade.
METODOLOGIA
Em prol de alcançar os objetivos propostos e responder aos questionários
que deram origem ao presente trabalho, a investigação metodológica teve caráter
quantitativo e qualitativo. Foram utilizados instrumentos investigativos
científicos que nos permitiram avaliar os resultados da pesquisa quantificando
os dados coletados, como também, foram utilizados instrumentos de intervenção
no cotidiano escolar de forma que os resultados fossem surgindo diariamente e
espontaneamente pelos sujeitos envolvidos na pesquisa.
Na metodologia quantitativa os dados
são obtidos através de instrumentos de pesquisa aplicados aos gestores e alunos
da Educação de Jovens e Adultos que se encontram na condição de alunos, mas
também são pais de alunos e podem efetivamente responder aos questionários com
muita lucidez e espírito de cidadania.
Na pesquisa foi também utilizado o
método qualitativo, onde os dados são mais subjetivos, dessa forma, foram observados
os comportamentos de alguns gestores diante dos conflitos relacionados aos
direitos trabalhistas dos funcionários das escolas frente aos direitos
educacionais das crianças, jovens e adultos, com a intenção de compreender a
profundidade do tema escolhido, nas relações sociais educacionais e
trabalhistas.
Assim, foram feitas diversas análises
dos sentimentos, dos comportamentos e das reações dos gestores, diante da
negatividade ou da positividade na concessão dos direitos dos professores e dos
direitos dos estudantes na coleta de dados.
A inclusão da observação participativa como método de pesquisa, ocorreu diante da
sensação própria adquirida ao longo dos anos e que sempre se renova, através
das constantes devoluções de professores
por gestores seja pela redução de turmas voluntária ou induzida em que os
sentimentos já foram vivenciados, portanto, há uma chance de identificar e
definir o problema em relação aos gestores que recepcionam estes trabalhadores
feridos e machucados, onde fazer a greve e as paralisações são os instrumentos
legais de exposição da indignação dos trabalhadores como o sistema e portarias
de distribuição de turmas, bem como, identificar variáveis importantes no
contexto da gestão de pessoas. Desta observação
participativa, surgiu um diário das experiências vividas pelos
trabalhadores no contexto escolar.
No diário, foram catalogadas e
transcritas algumas as observações sobre as causas dos movimentos grevistas
referentes aos direitos dos professores regentes, um deles da redução de carga
horária, pela prerrogativa de fazer parte do grupo de professores regentes há
mais de 20 anos, foi uma das reinvindicações de uma das paralisações, método
instigante, pois resultou na constatação de que a greve ou paralisação acontece
pela insatisfação dos trabalhadores com a ausência de concessão de direitos
trabalhistas assegurados e não concedidos pelo empregador, além disso, os
efeitos negativos e psicológicos aos docentes e pedagógicos aos discentes,
também é um fator que gera as greves ou paralisações dos professores, com
objetivo de assegurar direitos já legislados, mas não efetivados, são direitos
reprimidos e que a ausência de concessão prejudica a conciliação dos gestores
com o cansaço dos professores e a necessidade de mantê-los em sala de aula, com
o intuito de garantir o direito dos discentes à educação e garantir a
eficiência dos gestores.
Foram anotados nos diários, que uma
das hipóteses do desrespeito aos direitos dos docentes, permanece pela ausência
de punição ao Estado pelo assédio moral constante nesta profissão, bem como, a
falta de busca ao judiciário pelos docentes, justamente pela falta de
autoestima que impera em nosso meio, assim, trabalhamos em situação vulnerável,
muitas vezes sem um copo d’água e sem copos nas escolas, além da proibição aos
professores de lancharem na cantina, porque o lanche é para os alunos e não
para eles, sem segurança, desprotegidos, o que torna o professor como
desmerecedor do mínimo existencial para se mantiverem motivados ao cumprimento
do ofício.
Percebe-se que ainda há um receio dos
docentes no sentido de que: ”Se reclamarem das condições de trabalho, serão
devolvidos e ficarão sem lotação definitiva. “
Os pensamentos dos docentes, em uma
hora como esta são variados: de irritação, de indignação, de resignação, de
ódio, de tristeza, de inquietação, de solidariedade com os colegas
“devolvidos”, de felicidade por não ter sido a vítima da vez.
As intenções dos gestores são as mais variadas
possíveis: de vingança ao que fala demais, de punição ao que não quis
participar de seus eventos impositivos, de solidariedade ao que foi seu aliado
constante, mas que perdeu a lotação por ser jovem demais na profissão ou de
indignação com o próprio sistema que lhes coloca em uma situação constrangedora.
Somos vítimas de nossos comportamentos passados e pagamos nossos pecados no ano
letivo seguinte.
O entendimento das razões que motivam
os representantes do Estado de Direito a praticarem tão sórdidos assédios aos
docentes se torna compreensível dentro da ausência de justiça em nosso país que
coíba esta prática desastrosa para o pedagógico.
Os significados e motivações desta
monografia é coletar dados que servem para orientar os gestores dos seus
direitos assegurados na Lei 8.112/90, no artigo 7º da Constituição Federal, na
condução da gestão democrática dentro da legalidade, da proporcionalidade, da
moralidade e da eficiência dos serviços públicos, agindo com respeito aos
trabalhadores para evitar o Assédio Moral no cotidiano escolar, bem como,
constatar que a ausência de gerenciamento e conciliação dos Gestores nos
conflitos trabalhistas, gera responsabilidades civis ao Estado e
consequentemente a fragilidade da Constituição Federal de 1988 no tocante aos
Direitos Sociais, bem como, a ansiedade da categoria em solucionar seus
conflitos escolares internos em greves ou paralisações que amenizam as dores e
os sofrimentos do cotidiano escolar.
Os sujeitos da pesquisa qualitativa aqui
aplicada foram basicamente, os gestores no gerenciamento dos conflitos
trabalhistas, os professores na busca constante por respeito e consideração na
aplicação da legislação trabalhista vigente, os servidores na prática dos
serviços essenciais ao bom andamento do ambiente escolar, os bolsistas que se
submetem “ao faz tudo” para não entrarem em conflito com os gestores, os alunos
maiores de 14 anos que tentam reivindicar o cumprimento do Estatuto da Criança
e do Adolescente, mas são reprimidos porque temos uma ideia preconcebida de
que, somente os infratores são acolhidos por ele, enfim, seus pais que
participam pouco na contribuição do crescimento pedagógico para se ativerem a
modalidade de assediarem os profissionais com questionamentos irrelevantes
sobre a vida pessoal dos professores e não em relação ao seu trabalho
produtivo.
Os
instrumentos de coleta de dados foram respectivamente: Os questionários
aplicados e as entrevistas com os alunos da EJA-Educação de jovens e Adultos,
relacionadas à conciliação dos gestores no prejuízo constante pela troca de
professores que não se adaptam a esta modalidade de educação acolhedora ou são
devolvidos a cada semestre por redução de turmas ou por superlotação das
mesmas, com a intenção de reduzir o quadro de profissionais daquele
estabelecimento e priorizar o diurno, bem como, aos pais dos menores do Ensino Fundamental
Regular, com perguntas relacionadas à conciliação dos gestores no pedagógico,
no acolhimento, no lanche servido na cantina pública e na particular, nos dois
intervalos, na escola integral, no laboratório de informática, nas tecnologias
aplicadas em sala de aula, nas aulas de dependência e no gerenciamento
conciliação dos conflitos entre docentes e discentes pelos gestores.
Uma das coletas de dados foi através do dos
eventos escolares, seja relacionada à disciplina de Educação Física, uma das mais
veneradas pelos alunos, seja através do projeto de feira de ciências ou feira
cultural, bem como, durante a semana de educação para a vida, da escola
integral, do uso das tecnologias na escola, das aulas de reforço e dependência,
que são momentos relevantes de conciliação e mediação de conflitos internos, na
elaboração dos projetos, na execução das atividades e na avaliação dos
participantes. E servirão para demonstrar meios de solução de conflitos com a
prática de projetos pedagógicos, de diversão e acolhimento aos docentes e
discentes, tornando a escola um ambiente agradável do qual possamos sentir
prazer em ser partícipe, onde se respeita as diversidades com ética e
responsabilidade, sem que a hipocrisia torne o ambiente hostil e ausente de
justiça social.
RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Os
instrumentos de coleta
de dados nessa pesquisa possuem a prerrogativa de buscar soluções efetivas para
os gestores minimizarem os prejuízos
causados aos discentes em caso de uma greve, paralisação ou ausências dos
profissionais de educação no ambiente escolar.
As escolas escolhidas foram do Ensino
Fundamental Séries finais, uma delas com Educação de Jovens e Adultos e outra
do 5º ao 9º ano, todas com Educação Inclusiva, seja com Adolescentes em Conflito
com a Lei, bem como, outras modalidades de inclusão físicas e neurológicas dos
discentes.
Primeiramente foi realizada uma
reunião para aprimoramento do Projeto Político Pedagógico (PPP) nessas
instituições de ensino, para que melhor se adequasse às modalidades de
deficiências dos alunos e obtivessem melhores resultados nas avaliações
bimestrais, mesmo quando os profissionais de educação fossem escassos e os
coordenadores tivessem que assumir as salas de aulas com atividades
diversificadas e lúdicas, onde seria primordial o acolhimento dessas atividades
no PPP que oferece o norteamento do cotidiano escolar.
Os questionários foram aplicados na
medida em que os problemas sociais surgiam e necessitavam de resoluções rápidas
para que os discentes não fossem prejudicados.
Durante este ano letivo de 2014 não
ocorreram greves, mas foram verificadas várias paralisações e participações nos
debates sobre o PNE e o PDE, em que houveram deslocamentos de profissionais
para defesa dos projetos a serem implementados e dos rumos que a educação vai
tomar de agora em diante com as novas propostas de civilização de um povo e de
valorização dos trabalhadores de educação.
A
educação dos cidadãos está intimamente ligada a sua formação conteudista, mas
também, aos meios e formas de inseri-los na sociedade de maneira harmônica e
produtiva para a Nação, conforme a Constituição Federal de 1988 (Poletti, 2009,
p. 98):
“Art.
6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”(Poletti, 2009, p.
98)
Para
que os gestores pudessem dirimir os
conflitos internos escolares, fez-se necessário um estudo aprimorado, para descobrir o que se passa no intelecto dos
profissionais durante uma greve ou paralisações da categoria, ao mesmo tempo em
que representam os patrões e também são empregados. Os gestores precisam
satisfazer os quatro lados: Alunos, Pais, Professores e o Estado, com isonomia nas decisões. Segundo Deocleciano (2009 p.
326):
“Estado:
No Brasil. É cada unidade territorial que forma a União; Um dos Estados da
Federação ou da República Federativa do Brasil. Estado Federal ou Federativo:
Conjunto de unidades territoriais (os Estados) com certa autonomia, governo e
constituições próprias, além de autonomia financeira, sobre os quais
prevalecem, entretanto, a Constituição Federal e as Leis da União,
obedecendo-se o poder central, como no Brasil."(Deocleciano, 2009, p.326)
Diante do direito das crianças e adolescentes
assegurados na Constituição Federal de 1988 e diante do direito de greve dos
trabalhadores assegurados no artigo 9º da Constituição Federal e dos demais
direitos das Leis 8.112/90, fez-se o estudo de algumas formas dos
gestores administrarem ou gerirem estes conflitos de direitos de forma
educativa, sem que os traumas sejam refletidos nos relacionamentos pessoais e
profissionais. A definição
de Gestão para Cury (1999.p. 201):
“Sendo
a transmissão do conhecimento (ação da escola) um serviço público, o princípio
associa este serviço à democracia. (...) Lembrando-se que o termo “gestão” vem
de gestio, que por sua vez, vem de gerere (trazer em si, produzir), fica mais
claro que a gestão não é só ato de administrar um bem fora-de-si (alheio), mas
é algo que traz em si, porque nele está contido. E o conteúdo deste bem é a
própria capacidade de participação, sinal maior da democracia. Só que aqui é a
gestão de um serviço público, o que (re) duplica o seu caráter público
(re/pública)” (1997, p. 201).
No cotidiano escolar
teriam os gestores capacidade democrática na condução dos conflitos gerados por
uma greve de professores, diante do direito à educação dos discentes. No
questionário aplicado aos alunos de EJA sobre a definição de gestão
democrática, sete deles acolheram a ideia segundo (Rousseau, 2007, p. 24):
“(...) não há governo
perfeito, e também não é possível imaginar que o povo possa ficar em assembleia
permanente para decidir os negócios públicos, por isso que jamais existiu e
jamais existirá uma democracia verdadeira”. (Rousseau, 2007, p. 24)
Há probabilidade de confusão dos
gestores em seus papéis de Agentes Estatais do poder e o que são verdadeiramente
na Secretaria de Educação e as vezes se omitem na batalha por seus direitos
trabalhistas na conscientização da comunidade escolar em participar mais dos
movimentos sociais.
Para (Fonseca, 1994, p.49):
“(...) uma escola não
é democrática só por sua prática administrativa. Ela torna-se democrática por
suas ações pedagógicas e essencialmente educativas”. (Fonseca, 1994, p.49)
Em
algumas das escolas públicas estudadas, houve diálogo e troca de experiências
entre os gestores e os docentes, isto torna o ambiente leve e fácil de exercer
a democracia com os alunos, mas em compensação, em outros estabelecimentos de
ensino as ordens e os progressos estão centralizados e conduzidos pelo grupo
diretivo sem que sejam ouvidas as opiniões, nem aceitos os projetos de nenhum
professor a não ser que o corpo diretivo faça uma mesclada no mesmo para que
seja transformado em atividades propostas pela Direção, verifica-se uma falta
de tolerância e de aceitação das potencialidades intrínsecas entre os que gerem
o poder e os que executam as atividades.
Ocorre que, durante as paralisações de
alguns professores, os coordenadores foram para a sala de aula, como é de praxe
em algumas escolas do Ensino Fundamental de Taguatinga, então não há que se
falar em perca de conteúdos ou dias letivos, muito menos os gestores possuem
qualquer conflito para resolver neste aspecto, pois ao que nos parece, os pais
estão preocupados em manter seus filhos dentro do ambiente escolar, mesmo que
seja com atividades diferenciadas das disciplinas previstas para aquele dia, desta
forma, se torna muito cômodo para os gestores conduzirem as reposições da
maneira que acharem convenientes e oportunos para a Administração Pública.
Os professores
grevistas podem ficar vulneráveis ao assédio moral por parte dos gestores e
muitas vezes pelos próprios colegas que se negam a participarem dos movimentos
sociais de paralização das atividades educativas em prol de seus direitos
trabalhistas, por diversos motivos, um deles é a suposta preocupação com os
conteúdos programáticos e com a qualidade de ensino, outro é o medo de ficar
sem salário no final do mês.
Alguns
gestores procuram desconhecer suas origens de professores grevistas, muitas
vezes, e se apoderam dos cargos com requintes de crueldades patronais, não se
dão conta dos conceitos democráticos desta batalha legítima e fazem ameaças do
tipo “faremos as reposições em vésperas ou durante os feriadões” para coibir a
categoria de participarem daquele movimento, na maioria das vezes,
importantíssimo para a defesa de questões fundamentais, como por exemplo, a
redução da jornada de trabalho para os professores com mais de 20 anos de
serviço que se encontram na linha do estresse e da falta de paciência com os
jovens irreverentes da atualidade. Para Deocleciano Torrieri (2009, p. 364):
“Greve:
Modalidade de conflito trabalhista, que se caracteriza pelo abandono, parcial
ou total, após assembleia sindical da categoria que a decide, do emprego, para
forçar a discussão e atendimento de suas reivindicações salariais, ou para
opor-se a atos patronais ou políticos que considerem lesivos à categoria ou ao
país. "A Constituição assegura o direito de greve e diz que compete aos
trabalhadores decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo e os interesses a
serem defendidos por ele.” (Torrieri, 2009, p.364)
Em uma das
paralisações observadas, no turno matutino, somente duas guerreiras
paralisaram, depois disto, os olhares maldosos se voltaram para as mesmas com
comentários constrangedores do tipo “Estas picaretas não se preocupam com a
educação de qualidade.” Estes colegas em suas ansiedades para mostrarem seus
serviços se vestem de profissionais exemplares para não aderirem aos
movimentos, talvez pelo medo da própria opressão patronal ou por não se
sentirem incluídos no processo de mudanças de suas realidades ou não conhecerem
o verdadeiro conceito de Educação. Assim nos assegura Ronaldo Polleti ( 2009,
p. 488):
Art. 206. “Educação: É o
ensino ministrado com base nos princípios: da igualdade, da liberdade de
aprender, do pluralismo de ideias, da gratuidade do ensino público, da
valorização dos profissionais do ensino, da gestão democrática e da garantia do
padrão de qualidade”. (Polleti, 2009, p.488)
O mais interessante
ocorreu em uma das escolas durante a reposição dos dias parados por estas
criaturas tidas como “picaretas” e “ante - sociais” por não terem se juntado ao
grupo “do não posso paralisar porque tenho muito conteúdo para vencer” ou
ainda, “Não tenho como repor aos sábados, portanto, não posso paralisar”. As
mesmas foram convidadas a fazerem as reposições durante uma apresentação de
alunos especiais, em que era focalizado o “não ao Bulling”, mas não
estabeleceram nenhuma função para as pobres criaturas sem nexo de causalidade,
pois já estava planejado pela escola integral, pelos coordenadores da sala de
apoio aos portadores de necessidades especiais e pelos professores de projetos.
De forma que os grevistas ficaram apenas olhando tudo acontecer e esperando o
cumprimento do horário para assinarem o ponto da reposição.
Há que se concluir
deste evento, que houve uma tentativa de exclusão destes profissionais das
atividades planejadas.
Outro
fato pitoresco ocorreu em outra escola em que os grevistas eram do noturno e
foi convidado para fazerem as reposições nos eventos do diurno com outros
alunos que não pertenciam ao EJA, isto não seria tão constrangedor se estes
profissionais naquele dia e turno não estivessem repondo também em outros
estabelecimentos escolares, ocorre aí uma medida que restringe a liberdade e o
direito dos grevistas efetivarem as reposições com seus alunos hipoteticamente
prejudicados. Para Deocleciano Torrieri (2009, p.423):
“Liberdade:
Faculdade natural que permite à pessoa fazer o que quer, nos limites da Lei, da
moral e dos bons costumes respeitando os direitos de cada um. A Constituição
Federal garante que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o
competente processo legal, liberdade para o exercício de qualquer trabalho
exercício ou profissão, para a locomoção no território nacional em tempo de
paz, liberdade de reunião pacífica, de associação para fins lícitos.”(Torrieri,2009,p.423)
Assim os paralisadores foram praticamente
impedidos de trabalharem as reposições com seus verdadeiros alunos e fazerem a
recomposição dos conteúdos como os “não grevistas” haviam previsto para não
aderirem ao movimento.
A gestão
democrática nas escolas públicas funciona como o velho ditado popular: “Manda
quem pode e obedece quem tem juízo.” Teoria bem diferente do seu conceito. Conforme
Deocleciano Torrieri (2009, p. 265):
“Democracia: Do grego demos (povo) e kratos
(poder)." Regime político que teve seu nascimento na Grécia antiga,
que a praticava em sua forma direta ou clássica, em que os membros da
comunidade deliberavam diretamente e não tinham, para isso, representantes. Platão
e Aristóteles foram os filósofos que cuidaram do estudo das formas de governo,
entre elas a democracia. ”(Torrieri, 2009, p.265)
Um
número expressivo dos discentes apoia e participa dos movimentos sociais
relacionados aos direitos trabalhistas e ao ensino propriamente dito, mas não
possuem maturidade para as reivindicações que hipoteticamente faria uma escola
de qualidade, por medo da repressão imposta pelos próprios professores e pelo
corpo diretivo.
Em
algumas oportunidades somos impulsionados a participarmos das reivindicações
dos discentes, sobretudo, quando reclamam dos lanches, das agressões durante os
intervalos, dos próprios colegas quando se exasperam em suas cobranças ou se
omitem em providências relacionadas ao coletivo, se vivemos em sociedade, somos
impulsionados a participar e atuar com a mesma, conforme Deocleciano Torrieri (
2009, p.543):
“Sociedade:
Agrupamento de pessoas que mantêm entre si relações convencionais, políticas,
econômicas, sociais, culturais, obedecendo a regras comuns de convivência, sob
um ordenamento jurídico que as rege.” (Torrieri, 2009, p.543)
Os
discentes muitas vezes desconhecem o Regimento Escolar, pois a preocupação
inicial do ano letivo é com o conteúdo programático, isto exclui os alunos de
uma participação efetiva nas decisões escolares, pois a ausência de
conhecimentos sobre seus direitos e deveres contidos no Regimento Escolar, os
torna mais inimputáveis, segundo (Guimarães,2009): “Direito: Ciência que
sistematiza as normas necessárias para o equilíbrio das relações entre o Estado
e os Cidadãos e destes entre si, impostas coercitivamente pelo Poder Público.”
As liberdades expressivas podem ser
bem trabalhadas dentro das legislações pertinentes, de forma clara e objetiva,
assim no momento em que surgirem os conflitos serão apenas relembradas durante
as advertências ou suspensões. Para Robert (1971):
“A
liberdade pública é uma liberdade acordada por todos de tal maneira que seu
exercício individual não conduza em qualquer caso, outro a violar o exercício
desta mesma liberdade. O critério da liberdade pública é aquele que pertence a
todos”.
Acontece
que, a coletividade não é assimilada pelos nossos jovens porque não somos
corajosos o suficiente para encorajá-los a participarem dos movimentos sociais,
inclusive dentro dos estabelecimentos escolares, através de entidades legítimas
como os Grêmios Estudantis. Assim aduz este mestre das teorias psicológicas
educacionais, para Cury (2001, p.47) um excelente Professor Gestor, deve:
“Favorecer
a relação do conhecimento existente na transmissão pedagógica e tem como fim,
não da perpetuação da diferença entre saberes, mas a parceria entre sujeitos.
Permitir que a relação posta na transmissão do ensino público não implique em
hierarquia de funções (mestre/estudante), a fim de permitir que o estudante
chegue à condição de mestre.”(Cury, 2001,p.47)
Apesar
de certa alienação por parte de nossos jovens e adultos, se percebe
solidariedade quando muitos marcaram no questionário o anseio do trabalho dos
gestores em relação aos conflitos internos dentro da escola. A maioria almeja a
atuação dos grêmios estudantis a vosso favor, com uma rádio na escola, com um
jornal, onde os autores sejam exclusivamente retirados do ambiente escolar e as
notícias filtradas pelo Conselho escolar antes de veiculadas.
Antes
das matrículas pelo telefone156 do Distrito Federal, alguns diretores
monopolizavam as vagas de suas escolas e até faziam jogo de troca de favores
com os colegas, mas também, com a comunidade escolar, com a intenção de
selecionar a espécie homo sapiens,
acreditavam que as escolas eram suas fábricas de produtividade e não escolas
públicas, onde todos possuem os mesmos direitos e obrigações.
Agora
nas novas regras de recebimento das verbas escolares, alto índice de aprovação
no IDEB, estes gestores poderosos que se travestiam de empresários da educação
dentro das escolas públicas, poderiam transformá-las em primeiríssimas no IDEB,
com os melhores professores da Secretaria de Educação, e ai daquele que não se
esforçasse para se adaptar a “sua escola”, pois teria anotado no livro preto
todas as ocorrências sobre suas más condutas e atitudes suspeitas, com os
alunos e imediatamente se faria um processo administrativo, de forma que
desqualificasse o trabalho daquele professor, pois em “sua escola” somente os
preparados e os eficientes sobreviveriam, assim há desrespeito aos direitos
humanos e competitividade abusiva não coaduna com os fins previstos na
educação, nem na Declaração dos Direitos Humanos. Para (Bastos, 1998):
“Neste
contexto necessário se faz salientarmos o que são liberdades públicas, aquelas
prerrogativas que tem o indivíduo, também Montesquieu, em sua obra “O Espírito
das Leis”, exerce forte influência nesta Declaração com a reparação dos
poderes, para limitar o próprio poder. A declaração nada mais é do que a
renovação do pacto social, com a finalidade de proteger os direitos do Homem,
mostrando as limitações do poder político. A influência da Declaração foi
preponderante para o desenvolvimento e a evolução do liberalismo no continente.
Tem a Declaração um caráter universal e proclama a liberdade plena do homem, as
liberdades públicas.”(Bastos,1998,p.37).
Assim
também seriam incluídos os alunos, os que não se adaptassem as “suas normas” e
não as do Regimento Escolar estariam dizimados daquele ambiente, pois ali
prevalecia a Lei da Seleção Natural, onde os fortes sobrevivem e os fracos são
dizimados das benevolências sociais, talvez precisassem compreender a
importância da família dentro dos muros escolares e se colocarem no lugar de
cada pai e filho execrados da sociedade, que façamos uma boa leitura desta
sinopse de Cury: Sinopse:
“Quando nos tornamos pais, assumimos o compromisso de criar
um indivíduo que levará nossa herança para o mundo – não apenas a carga
genética e os bens materiais, mas também, e principalmente, nossos valores e
nossa cultura."(Cury. 2001, p.48)
Neste livro único e extremamente instrutivo, Cury apresenta
um conjunto de técnicas para que pais, professores e líderes possam corrigir a
rota da educação, se necessário, e saibam como preparar os jovens para serem
sucessores e assumirem seus papéis na família e na sociedade.
Os nossos jovens estão à espera de
oportunidades, sabem que precisam estudar para possuírem diplomas renomados,
mas ao mesmo tempo, possuem necessidades urgentes que não poderão esperar até a
formatura, mesmo porque as escolas técnicas foram praticamente dizimadas das
comunidades e seus diplomas de curso superior chegarão aos 23 anos se forem
excelentes alunos, os educadores sabem destas dificuldades, mas se omitem em
encaminhá-los para os estágios, pois suas vidas medíocres não lhes permitem
introdução em áreas tão pessoais que a nosso ver, são problemas governamentais
e não nossos, acontece que, estamos inseridos neste fatídico contexto de
desigualdades sociais visíveis, ou reagiremos como projetos de valorização e
inclusão sociais destes jovens ou estaremos fabricando diplomas sem valor
prático, pois já existem muitos formados e com os mesmos engavetados. Dessa
forma há de se constatar a inércia da juventude em buscar a efetividade dos
seus direitos sociais a fim de serem inseridos no mercado de trabalho e
batalharem por vidas independentes e libertas das opressões familiares e das
cobranças da sociedade, ainda não buscam os conselhos escolares. Então, os
gestores devem favorecer a juventude mais participação, pois esta é
compreendida como organização e gestão cujo objetivo é criar as condições e
mecanismos para que os diferentes sujeitos sociais sejam agentes atuantes de
suas realidades fáticas.
No Plano
Nacional de Educação que foi aprovado recentemente, os Sindicatos dos
professores do País pouco interferiram ou opinaram. Em razão disto, alguns
profissionais das escolas do DF foram convocados para uma plenária no sentido
de sanarem estas irregularidades no PDE- Plano Distrital de Educação, mas não
houve conciliação entre os que lideravam o movimento e os professores regentes,
no entanto, se percebe a nova modalidade de ensino do Plano que prioriza a
participação dos discentes nos projetos da escola, assim os gestores podem
durante uma greve ou paralisação ter um projeto de intervenção em que várias
camadas da sociedade sejam inserida e participativa na solução dos conflitos e
na manutenção das crianças, jovens e adultos no ambiente escolar, mesmo durante
a ausência dos profissionais de educação, evidente que não ministrariam
conteúdos programáticos, mas aplicariam atividades diferenciadas por algumas
horas de maneira que as ruas não fossem o lugar da juventude privada do seu
direito de educação quando a greve fosse o único meio legítimo da busca por
melhores condições de trabalho dos profissionais de educação.
O que se
observa é que os debates para a melhoria da Educação estão centralizados nas
mãos de poucos, entre eles, os gestores, que são representantes dos patrões e
não estão em sala de aula naquele momento para absorverem as reais necessidades
de condução dos conflitos dentro daquele contexto específico. Os atuais
sindicalistas estão desmotivados ou desmoralizados pela própria adesão ao
governo patronal que os torna suspeitos para os demais professores.
Alguns educadores se posicionaram contra os
artigos do PNE que foram destinados verbas às escolas particulares, onde há de
se considerar que é um ilustre projeto, ocorre que a sociedade precisa se
manter unida para vencer as barreiras da pobreza, da discriminação e da
exclusão social, esta modalidade de ajuda governamental, inclui alguns
bolsistas dentro dos estabelecimentos elitistas da sociedade, que são as
escolas particulares, atitudes como estas, podem e devem ser aprimoradas e
aplaudidas pelos verdadeiros educadores, afinal, as oportunidades são desiguais
em nosso País, quantas vezes olhamos para um excelente aluno e pensamos: Se eu
pudesse pagaria um curso para este aluno perdido no meio de quem nada quer e
usa a escola como referência para suas peraltices. Vejamos o que diz (Habermas 2001):
“Solidariedade
cosmopolita, em temas como: o meio ambiente o que está ocorrendo ainda em
termos não satisfatórios para alguns, a economia minimamente regulada, a paz e
a redução da pobreza em escala mundial, entre outros. A grande questão para
Beck, diz respeito, então, a necessidade de se desencadear um processo de
(auto) consciência e reflexividade que leve a uma ação política viável, que obviamente,
deve perpassar na sociedade global do risco uma escala mundial.”
E
mais ainda segundo as digressões de Habermas. Essas envolvem uma perspectiva de
trabalho que se desloca para além do Estado nacional. É interessante
observarmos, de início, que ela carrega consigo um paradoxo na medida em que:
“Só percebemos as tendências que anunciam uma constelação pós-nacional como
desafio político porque as descrevemos a partir da habitual perspectiva do
Estado nacional. No momento em que essa situação se torna consciente, abala-se
a autoconfiança democrática que é necessária para que se percebam os conflitos
como desafios, ou seja, como problemas que esperam por um trabalho político”.
O saber
jurídico e as experiências em saber conduzir os conflitos internos e essenciais
na vida dos profissionais de educação diante dos direitos das Crianças e
Adolescentes a uma educação de qualidade e humanitária, que pode passar pelo
diálogo e pela ausência de votação de questões que nos parecem irrelevantes,
mas que fazem muitas diferenças no acolhimento da comunidade escolar e do bem
estar dos profissionais de educação, enquanto detentores de direitos
trabalhistas e da prerrogativa do direito de greve quando as condições de
trabalho se tornar insustentáveis. Dessa forma nos garante Ronaldo Poletti
(2009, p.116).
“Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dele defender.”(Poletti, 2009, p. 116)
A
responsabilidade que os gestores possuem com seres tão frágeis e vulneráveis
como crianças e adolescentes, nos remete a questões muito mais nobres do que os
salários ou o bem estar de não fazer reposições aos sábados, pois a felicidade dos educadores está intimamente
ligada a melhores condições de trabalho e valorização profissional neste
ambiente escolar. Vejamos o conflito de interesses segundo a Constituição
Federal de 1988 (Poletti, 2009, p. 488).
“Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos
valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.§
1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. §
2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,
assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem.”(Poletti,2009, p. 488)
A justificativa dos colegas não aderirem aos movimentos
é a reposição dos conteúdos programáticos, acontece que estes podem e devem ser
ministrados através de projetos sociais voltados para os valores, que tornem
nossos jovens mais humanos e agentes atuantes de vossas realidades sociais.
Alguns gestores
são resistentes ao desenvolvimento de atividades que favoreçam aos adolescentes
o conhecimento de todas as formas de religiões, porque entendem que o país é
laico, vejamos que ausência de conhecimento sobre o conceito de laicidade. A
faculdade religiosa que nos permite a Constituição Federal nos favorece
aprimorar estes conhecimentos através do que as religiões podem oferecer de
útil em nossas vidas práticas, como incentivar a aprendizagem dos instrumentos
musicais através da música gospel, ensinar os relacionamentos saudáveis entre
os jovens, o respeito ao ser humano e as diversidades culturais, o esporte, o
lazer com responsabilidade, bem como, a obediência aos regulamentos e
autoridades Estatais.
Outra
resistência observada nos gestores, foi relacionada às apresentações das
atividades pela Secretaria de Cultura, há um preconceito estabelecido no grupo
gestor de algumas escolas, em que a arte propriamente dita, está intimamente
ligada às drogas e as pichações. A repressão nos privou de atividades culturais
por muitos anos, mas agora que somos um país democrático, nos sentimos
aprisionados aos preconceitos e aos estigmas que nos impuseram durante a
Ditadura Militar. A liberdade de expressão foi uma das alternativas mais
marcadas nos questionários aplicados, como ações que podem facilitar a relação
dos gestores com as famílias: “Dialogar com os pais nas reuniões - ouvi-los
considerando que todas as opiniões, discordâncias, interesses manifestados são
legítimos”.
Os
profissionais das Artes nas escolas se preocupam em ensinar os conteúdos
programáticos sem a prática efetiva dos seus ensinamentos, a fim de que, os
alunos não façam barulho e mantenham as salas limpas e sem ruídos.
Os jovens
estão sem referencial produtivo, pois recebem o alimento em suas bocas, mas não
sabem mastiga-los, nem digeri-los, continuam dependentes dos pais, mesmo quando
se formam e recebem seus diplomas, pois nossas escolas os educaram a obediência
e assimilação dos conteúdos, mas não acoplaram estes ensinamentos à vida
prática. As soluções para as resoluções das controvérsias entre trabalhadores e
alunos, parte do princípio de que, somos todos de uma sociedade produtiva, onde
aprendemos desde cedo a batalhar por nosso lugar na sociedade, como pessoas
passíveis de necessidades essenciais de suprimento imediato. Então como
educadores e formadores de opiniões e modelos sociais, precisamos nos dispor a
elaborar projetos de inserção social dentro do ambiente escolar, afinal a boa
formação deve ser feita pela escola e não pelos ensinamentos de rua, onde todos
terão a oportunidade de conhecer de tudo e não saberão como proceder, pois não
ensinaram na escola. Estes projetos efetivam as práticas que somos capazes de
elencar com a demonstração da longanimidade, do respeito ao próximo, de
ocupação das crianças e adolescentes em atividades que os transformem em
pessoas sensatas e organizadas dentro do ambiente escolar. Segundo (Cerqueira,
p. 57, 1987):
“O fazer justiça pelas próprias mãos parece ocupar um lugar de
relevo quando se fala da violência como polo centralizador de conflitos
sociais. E nesse particular os linchamentos potencializam e dramatizam a
ineficácia no Estado na intervenção concreta nestas situações de conflito
social. Apesar de comporem um cenário de violência quotidiana ao qual não escapa
certa banalidade, os linchamentos, quando envolve de forma mais ou menos
espontânea um número grande de pessoas, permite a amplificação do debate sobre
a temática da violência.” (Cerqueira 1987, p. 57).
Os gestores
podem aprimorar os esportes, o lazer e as artes no ambiente escolar de forma
que ajudem a minimizar o espírito
violento que está intrínseco em todos os indivíduos e que a educação é
responsável pela civilização e inserção dos cidadãos no meio ambiente como
criaturas adaptadas ao mundo civilizado. E o poder conciliatório de cada gestor
pode ser de fundamental importância para que os ânimos não sejam acirrados e
desabroche o que os seres humanos possuem de pior em vossos âmagos. Assim
assegura Ronaldo Poletti (2009, p.488).
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.”(Poletti,2009, p. 488)
O gestor
escolar tem a prerrogativa de ser também um conciliador dos conflitos no
ambiente escolar para evitar a violência, a impunidade e a injustiça que possam
se fazer presentes nas relações interpessoais. Após a globalização dos Direitos
Humanos ocorreu à obrigatoriedade das sociedades aprimorarem os Direitos
Sociais dentro dos Estabelecimentos de Ensino que são os órgãos basilares de
formação cidadã. Assim afirma Santo (2003, p.433).
“Tradicionalmente o conceito de globalização se pauta em preceitos
de ordem estritamente econômicos. Sem desprezá-los, porém, para a presente
abordagem adotaremos a concepção de globalização preceituada por Boaventura de
Sousa Santos, pelo fato de que a mesma privilegia dimensões mais apropriadas
para esta análise, tais como as dimensões sociais, políticas e culturas “(Santos,
2003, p.433).
O papel dos
gestores nos estabelecimentos escolares durante uma greve ou paralisação dos
professores ou dos servidores, se houver tumulto na contradição dos direitos
educacionais com os direitos trabalhistas, em primeiro lugar, não pode diferir da obrigatoriedade de
efetividade dos direitos e garantias fundamentais e de prioridade no dever de
prestação por parte do Estado, já que são administradores das prerrogativas
estatais. Dessa forma garante Fernando G. Jayme (2003, p.113).
“Concebendo-se os direitos fundamentais como princípios objetivos,
há necessidade de o Estado pôr à disposição da sociedade meios para torna-los
efetivos. Consequentemente, dos direitos fundamentais pode resultar uma
obrigação estatal direta no sentido de reparar as ameaças ou lesões aos
direitos fundamentais, praticados por terceiros, sua dimensão pode ser aferida
na defesa da vida, da integridade física, na proteção da vida em toda sua
amplitude.” (Jayme 2003, p. 113).
A escola e os alunos são importantes, mas o respeito aos direitos e prerrogativas dos professores são de máxima relevância para um ambiente escolar livre de qualquer preconceito e discriminação.
CONCLUSÃO
Enfim,
existe uma grande preocupação dos pais e gestores na reposição dos dias
parados, mas isto não inclui necessariamente a reposição de aulas, isto é
favorável ao desenvolvimento de projetos de inclusão social e redução da
violência dentro do ambiente escolar.
Os alunos
querem continuar nas escolas mesmo durante as greves, paralisações ou ausências
justificadas, desde que tenham outras atividades como esportes, aulas com os
coordenadores, assistindo aos filmes e
documentários, participando de gincanas, feiras culturais, assistindo palestras, com aula de informática e vídeos
aulas.
Em algumas escolas, os professores
grevistas são vulneráveis ao assédio moral por parte dos gestores e muitas
vezes pelos próprios colegas que se negam a participarem dos movimentos sociais
de paralização das atividades educativas.
O
isolamento do profissional das atividades propostas pelas direções de ensino,
daquele que é mais participativo e emite com frequência sua opinião, faz parte
das estratégias utilizadas por alguns gestores escolares, de forma a
neutralizar ou desmoralizar o trabalho do profissional, como forma cruel de se
manter no poder e provar a todos sua eficiência, através do autoritarismo e da
manipulação de resultados indicativos que favorecem os projetos dos que possuem
liberdade de expressão. Esta modalidade de sanar os conflitos gera o
adoecimento da categoria, que de certa forma, se sente desmotivada e
desvalorizada diante das constantes críticas ao seu trabalho, bem como, da
forma desrespeitosa que se referem os maldosos aos conteúdos e a forma de
ministrarem suas aulas.
Além
disso, os caminhos para chegarmos a uma educação de qualidade passam pela
valorização dos professores, mas também, por melhores condições de trabalho,
pelo respeito que os pais e gestores devem ter aos métodos utilizados pelos
docentes na produção dos resultados e por um ambiente tranquilo, em que suas
opiniões sejam ouvidas e dentro do contexto geral, sejam utilizadas, onde as
críticas sejam construtivas, onde os projetos sejam aproveitados e melhorados,
mas nunca desqualificados, nem sabotados, pois todos que estão inseridos
naquele ambiente escolar almejam a valorização dos profissionais e muito mais a
inclusão dos discentes nas atividades escolares como agentes úteis e não
pacientes inúteis.
Os trabalhadores em
educação, como em todo seguimento produtivo da sociedade, buscam a realização
profissional com seus instrumentos e grupos de trabalho que a escola possui,
mas se sentem assediados moralmente, quando estes instrumentos são
negligenciados, de forma que fiquem desmoralizados diante dos alunos e dos
colegas professores, como se não tivessem planejado e organizado suas
atividades de como um profissional responsável.
A
conciliação democrática desses conflitos internos faz-se necessária e os
gestores são os agentes públicos responsáveis pela intermediação e observação
dos sabotadores internos, para que se faça a coerção dentro da legislação
pertinente, de forma que mantenha o ambiente escolar livre da perniciosa
competição selvagem e desonesta, em prol do crescimento dos alunos e da não
percepção de qualquer falha do Sistema, pois o nome da escola neste momento
está muito mais vulnerável do que os anseios pessoais e as disputas internas
dos que assimilam os cargos públicos como suas castas ou greis. Os direitos e
deveres dos trabalhadores em educação estão bem claros nas legislações
pertinentes, onde as greves foram às marcas das conquistas em todos os anos e
não se pode esperar que de agora em diante, mesmo com governadores
representantes dos trabalhadores, seja diferente, afinal, se tornaram patrões e
estes primam pela produtividade e eficiência de seus súditos.
Os
direitos e deveres dos alunos estão acoplados também, a legislações severas e
coercitivas contra nós educadores e favor deles, somos responsáveis pela
efetividade destes direitos, não há como nos omitirmos e nos tornamos
insensíveis as suas prerrogativas, desta forma, nos inserimos no contexto de
Estado e de Agentes Públicos com a culpa ou o dolo da aplicação ou não dos
Direitos das Crianças e Adolescentes e da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação- LDB. E agora, com o novo Plano Nacional de Educação-PNE e o PDE-Plano
Distrital de Educação aumenta ainda mais as responsabilidades educacionais para
os governantes e os demais agentes públicos do Estado Democrático de Direito.
Os
pais concordam com os movimentos grevistas e com as paralisações para melhoria
do lanche da escola, para construção de novas escolas, para a contratação de
professores, para a reposição de aulas, mas discordam que sejam por melhores
salários, pois alguns acham que os professores possuem bons salários no
Distrito Federal.
A
maioria concorda que o governo deve “entrar em acordo”, ou seja, conciliar as
reivindicações com os sindicatos, de forma que não ocorram os movimentos
grevistas para não prejudicarem seus filhos.
A
minoria dos alunos e pais assegura que os professores grevistas devem ser
substituídos por contratos temporários.
A
grande maioria assegura que os professores podem ser substituídos por
integrantes da Secretaria de Cultura, em que favoreceriam as escolas,
palestras, oficinas, pinturas em tela, músicas, teatros.
Em
suma, a comunidade espera soluções práticas dos gestores, de forma que
mantenham seus filhos na escola mesmo em movimentos grevistas, independente dos
conteúdos programáticos evidenciados e planejados pelas Secretarias de
Educação.
Em
uma época tecnológica a humanização das crianças passa pela frequência a
ambientes coletivos que despertem os sentimentos variados, onde aprendam a
respeitar as diversidades e sejam solidários com as fraquezas humanas para não
se tornarem robôs implacáveis e intolerantes ás condições de fragilidade
enfrentadas por maior parte dos trabalhadores em busca de seus sustentos e de
suas civilizações.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO,
A. C. A gestão
democrática e os canais de participação dos estudantes.
CERQUEIRA FILHO, Gisálio- Brasil violência &
Conciliação no dia-a-dia. Porto Alegre, Fabris, 1987.
COSTA,
C. M. Gestão Escolar:
compromisso com a democracia e com os direitos humanos.
CRUANHES, Maria Cristina dos Santos- Cidadania:
Educação e Exclusão Social- Fabris 2000.
GUIMARÃES, Diocleciano Torrieri- Dicionário
Técnico Jurídico – 12. Ed. – São Paulo: Rideel, 2009.
JAYME, Fernando Gonzaga – Tribunal
Constitucional: Exigência Democrática- Belo Horizonte- Livraria Del Rey
Editora. 1999
LÜCK, H. Perspectivas da gestão Escolar e
implicações quanto à formação de seus gestores.
MARQUES, L. A formação de uma cultura democrática
na gestão da escola pública: analisando o discurso dos conselheiros escolares.
NELSON, Miranda Coutinho- Canotilho e a
Constituição Dirigente- 2ª edição – Rio de Janeiro: Renovar – 2005.
PARO.
V. H. Parem de
preparar para o trabalho Lei 4.751/2012 (Lei da Gestão Democrática no Distrito
Federal).
POLETTI, Ronaldo, 1942- Constituição
anotada/Ronaldo Poletti – Rio de Janeiro: Forense, 2009. ISBN- Editora Forense.
SOUZA, A. R. Explorando e construindo um conceito de gestão escolar
democrática.
SANTOS,
C. A. Participação e controle social: elementos constitutivos da gestão
democrática e da qualidade da educação.
Sites:
http://www.sinprodf.org.br/plano-nacional-de-educacão.
APÊNDICE
Ministério
da Educação
Centro de Estudos Avançados
Multidisciplinares
Centro de Formação Continuada de
Professores
Secretaria de Educação do Distrito Federal
Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da
Educação
Curso de Especialização em Gestão Escolar
PROJETO DE PESQUISA SOBRE: O PAPEL DOS GESTORES EM SITUAÇÃO
DE MOVIMENTOS GREVISTAS NA EDUCAÇÃO
Muitos
pensadores clássicos da educação, entre eles Comênio (1592-1670)
e Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), subordinavam o processo pedagógico à
natureza. A própria evolução das crianças daria conta de grande parte do
aprendizado. Gramsci tinha outra ideia. "A educação é uma luta contra os
instintos ligados às funções biológicas elementares, uma luta contra a
natureza, para dominá-la e criar o homem ‘atual’ à sua época", escreveu.
1)Você
concorda com ele ou considera equivocada a tese de que a cultura distancia o
homem da natureza? Ou será possível conciliar as duas correntes de pensamento?
2) Você conhece os direitos dos trabalhadores em educação
elencados no artigo 7º e 9º da Constituição Federal? Cite os direitos que
conhece.
3) Quais são os
direitos dos discentes(alunos) que você conhece?
4) O que os
gestores(diretores) escolares podem fazer para minimizar os prejuízos dos
alunos diante de uma greve dos professores?
___________________________________________________________________
Ministério
da Educação
Centro de Estudos Avançados
Multidisciplinares
Centro de Formação Continuada de
Professores
Secretaria de Educação do Distrito Federal
Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da
Educação
Curso de Especialização em Gestão Escolar
PROJETO DE PESQUISA SOBRE: O PAPEL DOS GESTORES EM SITUAÇÃO
DE MOVIMENTOS GREVISTAS NA EDUCAÇÃO
1)Qual
o papel do gestor durante uma greve dos profissionais de educação?
2) O que você faria para manter os alunos na escola mesmo
durante a greve, paralisação ou ausências justificadas dos professores ?
3) Você como gestor
teria interesse em manter um professor grevista em sua escola?
4)
Você concorda que os professores devem fazer greves ou paralisações quando as
condições de trabalho se tornarem insuportáveis?
5)
De que forma os gestores podem contribuir para a conciliação dos direitos dos
alunos com os direitos dos professores?
6) Quais os projetos que o gestores podem desenvolver nas
escolas para melhorar as condições de trabalho e o bom relacionamento entre
docentes e discentes de forma que sejam motivados a trabalhar e estudar?
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DA EJA
1) Atualmente muito se tem
falado em “gestão democrática da escola pública”. Afinal, quais as definições
da expressão “gestão democrática” no âmbito da escola publica que se adequam
aos seus conceitos de vida estudantil?
a)( ) A definição
de Cury: “Sendo a transmissão do conhecimento (ação da escola) um serviço
público, o princípio associa este serviço à democracia. (...) Lembrando-se que
o termo “gestão” vem de gestio, que por sua vez, vem de gerere (trazer em si,
produzir), fica mais claro que a gestão não é só ato de administrar um bem
fora-de-si (alheio) mas é algo que traz em si, porque nele está contido. E o
conteúdo deste bem é a própria capacidade de participação, sinal maior da
democracia. Só que aqui é a gestão de um serviço público, o que (re) duplica o
seu caráter público (re/pública)” (1997, p. 201)
b ( )
“(...) não há governo perfeito, e também não é possível imaginar que o povo
possa ficar em assembleia permanente para decidir os negócios públicos, por
isso que jamais existiu e jamais existirá uma democracia verdadeira” (ROUSSEAU,
in: ALTOÉ, 2007, p. 24);
c)( ) “(...) a implementação da democracia importa
em sofrimento (...) a implementação total da democracia é utopia” (WEBER, in.
BARBOSA, 2004, s.p.).
d)( )
“(...) uma escola não é democrática só por sua prática administrativa.
Ela torna-se democrática por suas ações pedagógicas e essencialmente
educativas” (FONSECA, 1994, p.49).
2) Em relação ao trabalho do
gestor na escola dentro das dimensões, relações, conflitos e formas de atuação,
quais dessas alternativas você adotaria em nossa escola?
a) ( )Tolerar a existência do outro, e permitir que
ele seja diferente, ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede e
essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro.
Deveríamos criar uma relação entre as pessoas, da qual estivessem excluídas a
tolerância e a intolerância. (José Saramago)
b)( ) Permitir que a
relação posta na transmissão do ensino público não implique em hierarquia de
funções (mestre/estudante), a fim de permitir
que o estudante chegue à condição
de mestre.
c)( )Favorecer
a relação do conhecimento existente na transmissão pedagógica tem como fim, não
da perpetuação da diferença entre saberes, mas a parceria entre sujeitos.
d)( ) Conduzir a superação dos obstáculos que
dificultam, mas ao mesmo tempo são elementos que constituem o próprio processo
de gestão democrática na escola, implica a compreensão do trabalho do gestor
escolar como práxis. Para melhor exemplificar o que queremos dizer,
recorreremos aos conceitos desenvolvidos por Adolfo Sanches Vazquez (1977) de
práxis criadora, práxis reiterativa ou imitativa, práxis reflexiva e práxis
espontânea.
e)( )
Gestão implica a presença do outro, de interlocutores com os quais se dialoga e
com os quais se produzem respostas para a superação de conflitos: “pela arte de
interrogar e pela paciência em buscar respostas que possam auxiliar no governo
da educação, segundo a justiça. Nesta perspectiva, a gestão implica o diálogo
como forma superior de encontro das pessoas e solução dos conflitos” (CURY,
2005).
3) Quais são os obstáculos
ao trabalho da gestão democrática na escola
a) ( ) A
“cultura de escola”, ou esse modo particular de ser de cada escola, revela
correlações de força, dinâmicas interpessoais, representações e crenças nas
quais são ancorados seu trabalho pedagógico, concepções e valores a partir dos
quais se estabelecem as prioridades pedagógicas e administrativas; a esses
determinantes associam-se as condições concretas em que os estudantes aprendem
e os professores trabalham. Enfim, trata-se da “trama real” em que se realiza a
educação. Portanto, reconhecer a escola em suas “tramas cotidianas” significa
também compreender que os problemas, as dificuldades, os obstáculos são únicos
e que, embora possam se assemelhar em alguns aspectos, diferenciam-se em muitos
outros.
b)( ) São os fatores
Determinantes internos: condicionantes
materiais, condicionantes institucionais, condicionantes político-sociais,
condicionantes ideológicos
c)( ) São os fatores
Determinantes Externos: condicionantes econômico-sociais : condicionantes
culturais , condicionantes institucionais
d ( )
A falta de participação efetiva da
comunidade escolar nos projetos da escola.
e)( ) A
falta de civilização, compromisso e
disciplina dos alunos.
4) De que forma o gestor de
sua escola demonstra afetividade e preocupação com os componentes da comunidade
escolar?
a)( ) Interagem com os diferentes grupos
sociais que participam da escola,
coordenando a criação de condições objetivas que facilitem a participação dos
mesmos. Cada grupo tem sua própria particularidade, o que significa, muitas
vezes, a criação de modos singulares de interação.
b)( ) Engajam-se nos
processos da escola, sejam esses de caráter pedagógico ou administrativo;
engajam-se em práxis criadoras ou reiterativas.
c)( ) Exercitam a negociação procurando conciliar
interesses, expectativas, criar uma “unidade na diversidade” em função de um
projeto coletivo de escola. Para isso, necessitam compreender que, numa época
de apologia aos individualismos, as pessoas tendem a sobrepor seus interesses
pessoais em detrimento daqueles coletivos.
d)( ) Relacionam-se com as
instâncias colegiadas das escolas (onde essas já estão organizadas). Para
imprimir um caráter democrático ao seu trabalho, devem, então, tomá-las não
como “instâncias auxiliares”, mas como necessárias à prática democrática da
co-gestão.
e)( ) Apenas cumprem o horário de
trabalho e não se entrosam com os alunos na resolução dos conflitos entre os
próprios alunos e os professores.
5) Marque algumas
dificuldades que aparecem com frequência no trabalho dos gestores com as
famílias:
a)( ) Os horários propostos para a participação,
na maioria das vezes, são inadequados às condições de trabalho e de vida da
maioria das famílias. Quando podem participar das reuniões, essas quase sempre
se relacionam à apresentação de “queixas” com relação aos seus filhos e com
pedidos para auxílio em casa, tarefa nem sempre possível devido às baixas taxas
de escolaridade dos pais.
b) ( ) Representações,
imagens desvalorizadas construídas pelos professores, dirigentes e funcionários
com relação às famílias e sua legitimidade para participar das instâncias de
decisão. A família é muitas vezes vista como incapaz, “inculta”, sem
conhecimento para compreender as questões da escola.
c) ( ) Nem sempre a
participação das famílias é efetivamente possibilitada e valorizada pela
escola. Sem espaços democráticos para se fazerem ouvir, sem disposição da
escola para partilhar decisões e responsabilidades com as mesmas, as famílias
acabam caindo no desalento, e num aparente comodismo, numa espécie de
desistência da possibilidade da mudança. Reafirmam-se, assim, no cotidiano da
escola, preceitos do senso comum de que “nada muda, nada pode ser mudado”.
e)( ) As condições
concretas de vida das famílias nem sempre são consideradas nas suas ausências
ou dificuldades de participação – decorrentes de fadiga, horários de trabalho,
duplas jornadas (no caso das mães). Os familiares são vistos como
desinteressados, pouco comprometidos com a educação de seus filhos.
6) Quais as ações que podem
facilitar a relação dos gestores com as famílias ?
a)( ) Realização de reuniões em horários
compatíveis com aqueles das famílias, ainda que isso signifique repetir a mesma
pauta de reunião em horários alternativos .
b( )
Criar um clima amistoso nas reuniões: se essas ocorrerem nas salas de aula,
mudar a disposição espacial da mesma, por exemplo, mudando a disposição das
cadeiras, de forma a romper com as posições de “professores e estudantes” .
d)( ) Dialogar com os pais
nas reuniões – ouvi-los considerando que todas as opiniões, discordâncias,
interesses manifestados são legítimos .
e)( ) Criar condições concretas para que os pais
possam participar efetivamente das instâncias deliberativas da escola e
auxiliar os pais em sua organização, fornecendo-lhes o apoio necessário à
divulgação de informações, mobilização da comunidade; facilitar sua
interlocução com outras instâncias do sistema educacional, se necessário.
ANEXO
1
Por Thais
Pacievitch
O marxismo é uma teoria social, política
e econômica, sendo que, pela sua amplitude,
pode ser considerado uma concepção de mundo. O marxismo foi
formulado a partir do materialismo moderno por Karl Marx
(1818 – 1883) e seu colaborador, Friedrich Engels (1820 – 1895). Foram eles que
sistematizam os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova
concepção de mundo, também conhecido como materialismo histórico. Marx e Engels
sistematizaram também como seriam esses mesmos aspectos sob outra concepção de
mundo: a capitalista.
No centro
da teoria marxista encontra-se o trabalho que, pra ele, seria a
expressão da vida humana, por meio da qual é alterada a relação do homem com a
natureza. Enfim, através do trabalho o homem transforma a si mesmo.
Desde jovem, Marx se preocupava com a exploração
do trabalho do homem, que não sente prazer em trabalhar, submetendo-se a tal
para garantir sua sobrevivência. Já naquela época, Marx percebia que o
resultado do trabalho acaba, em sua maior parte, nas mãos dos donos do capital.
Sua vida
foi dedicada a buscar uma solução para que a situação de exploração, de
alienação da maioria chegasse ao fim. Na busca por esta resposta, analisou de
forma metódica e científica toda a trajetória da humanidade até a sociedade
capitalista, a estrutura dessa sociedade, chamada sociedade de classes. Aliás,
segundo Marx, a luta de classes é
o motor da história.
A teoria de
Marx, em suma, indicava uma nova sociedade, na qual todos os homens tivessem a
possibilidade de desenvolver seu potencial de forma plena, em diferentes
aspectos, fazendo do ser humano um ser integral.
Cabe então,
diferenciar o comunismo do
socialismo. Para Marx, uma sociedade socialista seria o primeiro passo em
direção ao comunismo, seu ideal. Ao escrever o Manifesto Comunista, Marx optou por usar o
termo “comunista” pelo fato do título socialismo ser utilizado por outro
conjunto de doutrinas (utópicos, cooperativistas) embora, mais
tarde, tenha usado ambos os termos.
Após
a I Guerra Mundial, a
diferença entre os movimentos socialista e comunista aumentou cada vez mais. Em
sua obra mais importante, O Capital, Karl Marx descreve como funciona a sociedade
capitalista. É nessa obra que trata o conceito de valor ou mais valia, que é a
diferença entre o que o operário recebe (salário) e o que produziu
efetivamente.
www.infoescola.com.br
|
|
ANEXO 2
Frases de Antônio Gramsci:
“A tendência democrática de escola não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar governante”
“Todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”
Nascido em Ales, na ilha da Sardenha, em 1891, numa família pobre e numerosa, Antônio Gramsci foi vítima, antes dos 2 anos, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento. Na idade adulta, não media mais do que 1,50 metro e sua saúde sempre foi frágil. Aos 21 anos, foi estudar letras em Turim, onde trabalhou como jornalista de publicações de esquerda. Militou em comissões de fábrica e ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano em 1921. Conheceu a mulher, Julia Schucht, em Moscou, para onde foi enviado como representante da Internacional Comunista. Em 1926, foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ficou célebre a frase dita pelo juiz que o condenou: "Temos que impedir esse cérebro de funcionar durante 20 anos". Gramsci cumpriu dez anos, morrendo numa clínica de Roma em 1937. Na prisão, escreveu os textos reunidos em Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere. A obra de Gramsci inspirou o eurocomunismo – a linha democrática seguida pelos partidos comunistas europeus na segunda metade do século 20 – e teve grande influência no Brasil nos anos 1970 e 1980.
Co-fundador do Partido Comunista Italiano, Antônio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, a escola.
Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.
Ao contrário da maioria dos teóricos que se dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas ideias sobre educação surgem desse contexto.
Para entendê-las, é preciso conhecer o conceito de hegemonia, um dos pilares do pensamento Gramsci ano. Antes, deve-se lembrar que a maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão e só veio a público depois de sua morte. Para despistar a censura fascista, Gramsci adotou uma linguagem cifrada, que se desenvolve em torno de conceitos originais (como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e a citada hegemonia, para mencionar os mais célebres) ou de expressões novas em lugar de termos tradicionais (como filosofia da práxis para designar o marxismo). Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
“A tendência democrática de escola não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar governante”
“Todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”
Nascido em Ales, na ilha da Sardenha, em 1891, numa família pobre e numerosa, Antônio Gramsci foi vítima, antes dos 2 anos, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento. Na idade adulta, não media mais do que 1,50 metro e sua saúde sempre foi frágil. Aos 21 anos, foi estudar letras em Turim, onde trabalhou como jornalista de publicações de esquerda. Militou em comissões de fábrica e ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano em 1921. Conheceu a mulher, Julia Schucht, em Moscou, para onde foi enviado como representante da Internacional Comunista. Em 1926, foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ficou célebre a frase dita pelo juiz que o condenou: "Temos que impedir esse cérebro de funcionar durante 20 anos". Gramsci cumpriu dez anos, morrendo numa clínica de Roma em 1937. Na prisão, escreveu os textos reunidos em Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere. A obra de Gramsci inspirou o eurocomunismo – a linha democrática seguida pelos partidos comunistas europeus na segunda metade do século 20 – e teve grande influência no Brasil nos anos 1970 e 1980.
Co-fundador do Partido Comunista Italiano, Antônio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, a escola.
Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.
Ao contrário da maioria dos teóricos que se dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas ideias sobre educação surgem desse contexto.
Para entendê-las, é preciso conhecer o conceito de hegemonia, um dos pilares do pensamento Gramsci ano. Antes, deve-se lembrar que a maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão e só veio a público depois de sua morte. Para despistar a censura fascista, Gramsci adotou uma linguagem cifrada, que se desenvolve em torno de conceitos originais (como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e a citada hegemonia, para mencionar os mais célebres) ou de expressões novas em lugar de termos tradicionais (como filosofia da práxis para designar o marxismo). Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
A mente antes do poder
Hegemonia
significa, para Gramsci, a relação de domínio de uma classe social sobre o
conjunto da sociedade. O domínio se caracteriza por dois elementos: força e consenso.
A força é exercida pelas instituições políticas e jurídicas e pelo controle do
aparato policial-militar. O consenso diz respeito, sobretudo à cultura:
trata-se de uma liderança ideológica conquistada entre a maioria da sociedade e
formada por um conjunto de valores morais e regras de comportamento. Segundo
Gramsci, “toda relação de hegemonia é necessariamente uma relação pedagógica”,
isto é, de aprendizado.
A hegemonia é obtida, segundo Gramsci, por meio de uma luta “de direções contrastantes, primeiro no campo da ética, depois no da política”. Ou seja, é necessário primeiro conquistar as mentes, depois o poder. Isso nada tem a ver com propaganda ou manipulação ideológica. Para Gramsci, a função do intelectual (e da escola) é mediar uma tomada de consciência (do aluno, por exemplo) que passa pelo autoconhecimento individual e implica reconhecer, nas palavras do pensador, “o próprio valor histórico”. “Não se trata de um doutrinamento abstrato”, diz Paolo Nosella, professor de filosofia da educação da Universidade Federal de São Carlos.
A hegemonia é obtida, segundo Gramsci, por meio de uma luta “de direções contrastantes, primeiro no campo da ética, depois no da política”. Ou seja, é necessário primeiro conquistar as mentes, depois o poder. Isso nada tem a ver com propaganda ou manipulação ideológica. Para Gramsci, a função do intelectual (e da escola) é mediar uma tomada de consciência (do aluno, por exemplo) que passa pelo autoconhecimento individual e implica reconhecer, nas palavras do pensador, “o próprio valor histórico”. “Não se trata de um doutrinamento abstrato”, diz Paolo Nosella, professor de filosofia da educação da Universidade Federal de São Carlos.
Acesso ao
código dominante
O terreno
da luta de hegemonias é a sociedade civil, que compreende instituições de
legitimação do poder do Estado, como a Igreja, a escola, a família, os
sindicatos e os meios de comunicação. Ao contrário do pensamento marxista
tradicional, que tende a considerar essas instituições como reprodutoras
mecânicas da ideologia do Estado, Gramsci via nelas a possibilidade do início
das transformações por intermédio do surgimento de uma nova mentalidade ligada
às classes dominadas.
Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum – conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão.
Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum – conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão.
Elogio do “ensino desinteressado”
Uma parte
importante das reflexões de Gramsci sobre educação foi motivada pela reforma
empreendida por Giovanni Gentile, ministro da
Educação de Benito Mussolini, que reservava aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional. Em reação, Gramsci defendeu a manutenção de “uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa”. Para ele, a Reforma Gentile visava predestinar o aluno a um determinado ofício, sem dar-lhe acesso ao “ensino desinteressado” que “cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo, liberta de toda magia ou bruxaria”. Ao contrário dos pedagogos da escola ativa, que defendiam a construção do aprendizado pelos estudantes, Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de estudo, o professor deveria transmitir conteúdos aos alunos. “A escola unitária de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com o qual se aprende a operar”, diz o pedagogo Paolo Nosella. “Em termos metafóricos, não se trata de colocar um torno em sala de aula, mas de ler um livro sobre o significado, a história e as implicações econômicas do torno.”
Educação de Benito Mussolini, que reservava aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional. Em reação, Gramsci defendeu a manutenção de “uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa”. Para ele, a Reforma Gentile visava predestinar o aluno a um determinado ofício, sem dar-lhe acesso ao “ensino desinteressado” que “cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo, liberta de toda magia ou bruxaria”. Ao contrário dos pedagogos da escola ativa, que defendiam a construção do aprendizado pelos estudantes, Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de estudo, o professor deveria transmitir conteúdos aos alunos. “A escola unitária de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com o qual se aprende a operar”, diz o pedagogo Paolo Nosella. “Em termos metafóricos, não se trata de colocar um torno em sala de aula, mas de ler um livro sobre o significado, a história e as implicações econômicas do torno.”
http://educarparacrescer.abril.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário