domingo, 17 de junho de 2012

RASCUNHOS PARA EDIÇÃO DE MEUS LIVROS


UMA PIAUIENSE EM BUENOS AIRES
Um certo dia, decepcionada com a repressão camuflada no Brasil, recebi um e-mail convite para um curso de doutorado em ciências jurídicas e sociais em Buenos Aires-Argentina.
Ocorre que o curso custava R$ 900,00 (novecentos reais) mensais pela mensalidade, sem estadia, sem passagens, sem alimentos, sem diversão.
Estes valores não teriam causado empecilhos  se não fosse o fato de trabalhar 60h semanais, manhã, tarde e noite em escolas públicas do Distrito Federal, capital do país em que os governantes dos últimos anos possuem a prerrogativa da corrupção, da lavagem de dinheiro, dos jogos de azar, dos desvios de verbas públicas, da repressão aos que denunciam ou se insurgem a não aceitação da corrupção.
O fato é que estava decepcionada com o casamento falido, com as instituições “democráticas de lobistas” em que os “apadrinhados” podem tudo, os honestos que se explodam.
A vida religiosa se tornou um “fardo” de obrigações e não de alimento espiritual, em que as irmãs falavam mal do meu casamento porque realmente estava mal, o esposo ao invés de tentar me agradar  e resolver em casa os problemas de relacionamento, se dispunha a denegrir minha tão prezada imagem de boa esposa, de excelente mãe, de religiosa irrepreensível, de excelente professora do ensino fundamental, que mesmo trabalhando em todos os turnos, conseguia em suas folgas frequentar uma Universidade de Direito, na tentativa de se especializar em outra área de conhecimento e não precisar mais trabalhar tanto para sustentar a casa.
Pagar as contas do tão irrepreensível lar, era  tudo que restava do casamento, além dos maravilhosos filhos que Deus me concedeu.
Fui até o escritório da Universidade ISPED aqui em Brasília na W3 Sul e assinei um contrato para frequentar as aulas do Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais em Buenos Aires na Argentina, nos meses de julho e janeiro no valor de R$ 900,00(novecentos reais)  metade de meu salário de 20h de trabalho semanais na Secretaria de Educação do Distrito Federal.
Na empolgação de concluir mais um curso na área de Direito e também me especializar em trabalhos sociais, fiz um requerimento a SEC ( Secretaria de Educação e Cultura) solicitando um afastamento remunerado para estudos, fiz todos os procedimentos legais, mas o pedido foi indeferido com a alegação de que não preenchia os requisitos na área de educação. Fiquei perplexa com a interpretação preconceituosa de um órgão de Educação que exclui um curso em Direitos Sociais do seu rol de prioridades. Imaginei que eram desconhecedores do que realmente significava “direitos sociais: Educação, Segurança e Saúde Públicas”.
A insistência e  a persistência fazem parte do rol de sobrevivência de uma mulher negra, nordestina e religiosa, portanto, ingressei com outro pedido ao Núcleo de Recursos Humanos da Secretaria de Educação, solicitei uma licença-prêmio, hoje denominada, licença para capacitação, pois tinha 09 meses para gozar e por várias vezes tentei e não consegui, mas pela quinta vez foi negada  com a alegação de que não havia substituto para minha pessoa.
Um pouco atordoada e sem apoio familiar para esta aventura estudantil, utilizei meus cartões de créditos e comprei passagens de ida e volta do Brasil para a Argentina, bem como, aluguei um apartamento no Bairro da Recolleta em Buenos Aires, através de um site:WWW.bytargentina. com. Ar, indicado por um colega de curso que encontrei na Internet no blog da Universidade ISPED em São Paulo.
Ocorre que as aulas nas escolas públicas se estenderiam até 15 de julho/2010 e o curso começaria em 10/07/2010 o que me causaria problemas administrativos com a Secretaria de Educação, já que todas minhas solicitações para sair dentro da legalidade foram arbitrariamente negadas com as inescrupulosas justificativas da discricionariedade administrativa.
A sorte estava lançada e minha aventura estudantil começaria com diversos interesses pessoais e coletivos de conhecimentos das culturas  e civilizações de outros países.

            

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