UMA PIAUIENSE EM BUENOS
AIRES
Um
certo dia, decepcionada com a repressão camuflada no Brasil, recebi um e-mail
convite para um curso de doutorado em ciências jurídicas e sociais em Buenos
Aires-Argentina.
Ocorre
que o curso custava R$ 900,00 (novecentos reais) mensais pela mensalidade, sem
estadia, sem passagens, sem alimentos, sem diversão.
Estes
valores não teriam causado empecilhos se
não fosse o fato de trabalhar 60h semanais, manhã, tarde e noite em escolas
públicas do Distrito Federal, capital do país em que os governantes dos últimos
anos possuem a prerrogativa da corrupção, da lavagem de dinheiro, dos jogos de
azar, dos desvios de verbas públicas, da repressão aos que denunciam ou se
insurgem a não aceitação da corrupção.
O
fato é que estava decepcionada com o casamento falido, com as instituições
“democráticas de lobistas” em que os “apadrinhados” podem tudo, os honestos que
se explodam.
A
vida religiosa se tornou um “fardo” de obrigações e não de alimento espiritual,
em que as irmãs falavam mal do meu casamento porque realmente estava mal, o esposo ao
invés de tentar me agradar e resolver em
casa os problemas de relacionamento, se dispunha a denegrir minha tão prezada
imagem de boa esposa, de excelente mãe, de religiosa irrepreensível, de
excelente professora do ensino fundamental, que mesmo trabalhando em todos os
turnos, conseguia em suas folgas frequentar uma Universidade de Direito, na
tentativa de se especializar em outra área de conhecimento e não precisar mais
trabalhar tanto para sustentar a casa.
Pagar
as contas do tão irrepreensível lar, era
tudo que restava do casamento, além dos maravilhosos filhos que Deus me
concedeu.
Fui
até o escritório da Universidade ISPED aqui em Brasília na W3 Sul e assinei um
contrato para frequentar as aulas do Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais
em Buenos Aires na Argentina, nos meses de julho e janeiro no valor de R$
900,00(novecentos reais) metade de meu salário de 20h de trabalho semanais na Secretaria de Educação do Distrito Federal.
Na
empolgação de concluir mais um curso na área de Direito e também me especializar em trabalhos
sociais, fiz um requerimento a SEC ( Secretaria de Educação e Cultura)
solicitando um afastamento remunerado para estudos, fiz todos os procedimentos
legais, mas o pedido foi indeferido com a alegação de que não preenchia os
requisitos na área de educação. Fiquei perplexa com a interpretação
preconceituosa de um órgão de Educação que exclui um curso em Direitos Sociais
do seu rol de prioridades. Imaginei que eram desconhecedores do que realmente
significava “direitos sociais: Educação, Segurança e Saúde Públicas”.
A insistência
e a persistência fazem parte do rol de sobrevivência de uma mulher negra,
nordestina e religiosa, portanto, ingressei com outro pedido ao Núcleo de
Recursos Humanos da Secretaria de Educação, solicitei uma licença-prêmio, hoje
denominada, licença para capacitação, pois tinha 09 meses para gozar e por
várias vezes tentei e não consegui, mas pela quinta vez foi negada com a alegação de que não havia substituto
para minha pessoa.
Um
pouco atordoada e sem apoio familiar para esta aventura estudantil, utilizei
meus cartões de créditos e comprei passagens de ida e volta do Brasil para a
Argentina, bem como, aluguei um apartamento no Bairro da Recolleta em Buenos
Aires, através de um site:WWW.bytargentina. com. Ar, indicado por um colega de
curso que encontrei na Internet no blog da Universidade ISPED em São Paulo.
Ocorre
que as aulas nas escolas públicas se estenderiam até 15 de julho/2010 e o curso
começaria em 10/07/2010 o que me causaria problemas administrativos com a
Secretaria de Educação, já que todas minhas solicitações para sair dentro da
legalidade foram arbitrariamente negadas com as inescrupulosas justificativas
da discricionariedade administrativa.
A
sorte estava lançada e minha aventura estudantil começaria com diversos
interesses pessoais e coletivos de conhecimentos das culturas e civilizações de outros países.
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